sábado, 25 de fevereiro de 2012

Preparando a liturgia que celebramos dominicalmente


26 de fevereiro / 2012 – 1º Domingo da Quaresma/B

Textos da Liturgia

A RESTAURAÇÃO DA HUMANIDADE EM CRISTO E O BATISMO

1ª leitura: (Gn 9,8-15) Dilúvio e aliança com a humanidade – O dilúvio é o símbolo do juízo de Deus sobre este mundo. Mas repousa sobre este também sua misericórdia, simbolizada pelo arco-íris. Deus faz uma aliança com Noé e sua descendência, isto é, a humanidade inteira. Apesar do mal, Deus não voltará a destruir a humanidade. É significativo que esta mensagem foi codificada no tempo do declínio do reino de Judá! A fidelidade de Deus dura para sempre. * 9,8-11 cf. Gn 6,18; Os 2,20; Is 11,5-9; 54,9-10; Eclo 44, 18[17b-18]; Rm 11,29 * 9,12-15 cf. Ez 1,28; Ap 4,3.



2ª leitura: (1Pd 3,18-22) Dilúvio e batismo – 1Pd caracteriza-se por seu teor de catequese batismal. O batismo inclui a transmissão de credo. 1Pd 3,18–4,6 contém os elementos do primitivo credo: Cristo morreu e desceu aos infernos (3,18-19), ressuscitou (3,18.21), foi exaltado ao lado de Deus (3,22), julgará vivos e mortos (4,5). Tendo ele trilhado nosso caminho até a morte, nós podemos seguir seu caminho à vida (3,18). O batismo, antítipo do dilúvio, purifica a consciência e nos orienta para onde Cristo no precedeu. * 3,18 cf. Rm 5,6; 6,9-11; Is 53,11; Rm 1,3-4 * 3,20 cf. Gn 6,8–7,7; 2Pd 2,5–3,21 cf. Rm 6,4; Cl 2,12-13 * 3,22 cf. Ef 1,20-21; Cl 1,16-18.



Evangelho: (Mc 1,12-15) Tentação de Jesus no deserto e começo de sua pregação – O batismo de Jesus, sua “provação” no deserto e o fim do ministério do Batista significam o fim da preparação de Jesus. Aproxima-se a grande virada do tempo: Jesus anuncia a boa-nova do Reino de Deus. – A tentação no deserto transforma-se em situação paradisíaca: Jesus é o novo Adão, vencedor da serpente. Seu chamado à conversão é um chamado à fé e à confiança. * 1,12-13 cf. Mt 4,1-11; Lc 4,1-13; Is 11,6-9; Sl 91]90],11-13 * 1,14-15 cf. Mt 4,12-17; Lc 4,14-15; Gl 4,4; Rm 3,25-26.


O mal tem muitas faces e, além disso, uma coerência interior que faz pensar numa figura pessoal, embora não identificável no mundo material. Chama-se “satanás”, o adversário; ou “diabo”, destruidor. Está presente desde o início da humanidade. As águas do dilúvio representavam, para os antigos, um desencadeamento das forças do mal. Mas quem tem a última palavra, na criação, é o amor de Deus. Deus não quer destruir o homem, ele impõe limites ao dilúvio e não mais voltará a destruir a terra (1ª leitura). No fim do dilúvio, Deus repete o dia da criação, em que ele venceu o caos originário, separou as águas de cima e de baixo e deu um lugar ao homem para morar. Faz uma nova criação, melhor que a anterior, pois acompanhada de um pacto de proteção. O arco-íris, que no fim do temporal nos alegra espontaneamente, é o sinal natural desta aliança. Oito pessoas foram preservadas, na arca de Noé. Elas serão, graças à aliança, o início de uma nova humanidade.



Deus oferece novas chances. Incansavelmente deseja que o ser humano viva, mesmo sendo pecador (cf. Ez 18,23). Sua oferta tem pleno sucesso com Jesus de Nazaré. Este é verdadeiramente seu Filho (Mc 1,11). Impelido por seu Espírito, enfrenta no deserto as forças do mal – Satã e os animais selvagens –, mas vence, e os anjos do Altíssimo o servem (evangelho). Vitória escondida, como convém na 1ª parte de Mc. Nos seus 40 dias de deserto, Jesus resume a caminhada do povo de Israel e antecipa também seu próprio caminho de Servo de Javé. Por sua fidelidade na tentação, alcança um novo paraíso. Nas próximas semanas, o acompanharemos em sua subida a Jerusalém, obediente ao Pai. Será a verdadeira prova, na doação até a morte, morte de cruz. E “por isso, Deus o exaltou”... (cf. Fl 2,9).



Jesus, porém, não vai sozinho. Leva-nos consigo. Ele é como a arca que salvou Noé e os seus através das águas do dilúvio. Com ele somos imersos no batismo e saímos dele renovados, numa nova e eterna Aliança. Ao fim da Quaresma, serão batizados os novos candidatos à fé. A imagem da arca, apresentada pela 2ª leitura, está num contexto que menciona os principais pontos do credo: a morte de Cristo e sua descida aos ínferos (para estender a força salvadora até os justos do passado); sua ressurreição e exaltação (onde ele permanece como Senhor da História futura, até o fim). Batismo é transmissão da fé.



Portanto, a liturgia de hoje é como o início de uma grande catequese batismal, e isso mesmo é o sentido da Quaresma: prepararmo-nos para o batismo, que é a participação na reconciliação que o sacrifício de Cristo por nós operou (cf. Rm 3,21-26; 5,1-11; 6,3; etc.). Mergulhar com ele na provação que nos purifica. Também os que já foram batizados participam disso, pois, enquanto não tivermos passado pela última prova, estamos sujeitos a desistências. Mas, como à humanidade toda, no tempo de Noé, também a cada um, batizado ou não, Deus dá novas chances: eis o tempo da conversão. Nisso consiste a expressão de seu íntimo ser, que é, ao mesmo tempo, bondade e justiça: “Ele reconduz ao bom caminho os pecadores, aos humildes conduz até o fim, em seu amor” (salmo responsorial). Por essa razão, todos os batizados renovam, na celebração da Páscoa, seu compromisso batismal.



Anima a liturgia de hoje um espírito de confiança. Ora, confiança significa entrega: corresponder ao amor de Deus por uma vida santa (oração do dia). Claro, devemos sempre viver em harmonia com Deus, correspondendo a seu amor, como num novo paraíso. Na instabilidade da vida, porém, as forças do mal nos surpreendem desprevenidos. Mas a Quaresma é um “tempo forte”, e neste devemos aplicar a nós mesmos a prova do nosso amor, esforçando-nos mais intensamente por uma vida santa.





QUARESMA, REGENERAÇÃO



Celebramos o 1º domingo da Quaresma. Muitos jovens nem sabem o que é a Quaresma. Nem sequer sabem o que significa o Carnaval, antiga festa do fim do inverno no hemisfério norte, que, na Cristandade, tornou-se a despedida da fartura antes de iniciar o jejum da Quaresma...



A Quaresma (do latim quadragesima) significa um tempo de quarenta dias vivido na proximidade do Senhor, na entrega a ele. Depois de batizado por João Batista no rio Jordão, Jesus se retirou no deserto de Judá e jejuou durante quarenta dias, preparando-se para anunciar o Reino de Deus (evangelho). Vivia no meio das feras, mas os anjos de Deus cuidavam dele. Preparando-se desse modo, Jesus assemelha-se a Moisés, que jejuou durante quarenta dias no monte Horeb (Êx 24,18; 34,28; Dt 9,11 etc.), a Elias, que caminhou quarenta dias alimentado pelos corvos até chegar a essa montanha (1Rs 19,8). O povo de Israel peregrinou durante quarenta anos pelo deserto (Dt 2,7), alimentado pelo Senhor.



Na Quaresma deixamos para trás as preocupações mundanas e priorizamos as de Deus. Vivemos numa atitude de volta para Deus, de conversão. Isso não consiste necessariamente em abster-se de pão, mas sobretudo em repartir o pão com o faminto e em todas as demais formas de justiça – o verdadeiro jejum (Is 58,6-8). A Igreja viu, desde seus inícios, nos quarenta dias de preparação de Jesus uma imagem da preparação dos candidatos ao batismo. Assim como Jesus depois desses quarenta dias se entregou à missão recebida de Deus, os catecúmenos eram, depois de quarenta dias de preparação, incorporados em Cristo pelo batismo, para participar da vida nova. O batismo era celebrado na noite da Páscoa, noite da Ressurreição. E toda a comunidade vivia na austeridade material e na riqueza espiritual, preparando-se para celebrar a Ressurreição.



A meta da Quaresma é a Páscoa, o batismo, a regeneração para uma vida nova. Para os que ainda não receberam o batismo – os catecúmenos –, isso se dá no sacramento do batismo na noite pascal; para os já batizados, na conversão que sempre é necessária em nossa vida cristã: daí o sentido da renovação do compromisso batismal e do sacramento da reconciliação neste período. É nesta perspectiva que compreendemos também a 1ª e a 2ª leitura, que nos falam da purificação da humanidade pelas águas do dilúvio e do batismo.



(O Roteiro Homilético é elaborado pelo Pe. Johan Konings SJ – Teólogo, doutor em exegese bíblica, Professor da FAJE. Autor do livro "Liturgia Dominical", Vozes, Petrópolis, 2003. Entre outras obras, coordenou a tradução da "Bíblia Ecumênica" – TEB e a tradução da "Bíblia Sagrada" – CNBB. Konings é Colunista do Dom Total).

Liturgia de domingo 26 de fevereiro de 2012

Dia 26 de Fevereiro - Domingo

I DOMINGO DA QUARESMA
(Roxo, Creio, Prefácio Próprio – I Semana do Saltério)

Antífona da entrada: Quando meu servo chamar, hei de atendê-lo, estarei com ele na tribulação. Hei de livrá-lo e glorificá-lo e lhe darei longos dias (Sl 90,15s).

Oração do dia

Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Leitura (Gênesis 9,8-15)

Leitura do livro do Gênesis.
9 8 Disse também Deus a Noé e as seus filhos:
9 “Vou fazer uma aliança convosco e com vossa posteridade,
10 assim como com todos os seres vivos que estão convosco: as aves, os animais domésticos, todos os animais selvagens que estão convosco, desde todos aqueles que saíram da arca até todo animal da terra.
11 Faço esta aliança convosco: nenhuma criatura será destruída pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra.”
12 Deus disse: “Eis o sinal da aliança que eu faço convosco e com todos os seres vivos que vos cercam, por todas as gerações futuras:
13 Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra.
14 Quando eu tiver coberto o céu de nuvens por cima da terra, o meu arco aparecerá nas nuvens,
15 e me lembrarei da aliança que fiz convosco e com todo ser vivo de toda espécie, e as águas não causarão mais dilúvio que extermine toda criatura".
Palavra do Senhor.


Salmo responsorial 24/25

Verdade e amor são os caminhos do Senhor.

Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos
e fazei-me conhecer a vossa estrada!
Vossa verdade me oriente e me conduza,
porque sois o Deus da minha salvação.

Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura
e a vossa compaixão, que são eternas!
De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia
e sois bondade sem limite, ó Senhor!

O Senhor é piedade e retidão
e reconduz ao bom caminho os pecadores.
Ele dirige os humildes na justiça
e aos pobres e ele ensina o seu caminho.



Leitura (1 Pedro 3,18-22)

Leitura da primeira carta de São Pedro.
3 18 Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados - o Justo pelos injustos - para nos conduzir a Deus. Padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito.
19 É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes,
20 quando Deus aguardava com paciência, enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se salvaram através da água.
21 Esta água prefigurava o batismo de agora, que vos salva também a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma consciência boa, pela ressurreição de Jesus Cristo.
22 Esse Jesus Cristo, tendo subido ao céu, está assentado à direita de Deus, depois de ter recebido a submissão dos anjos, dos principados e das potestades.
Palavra do Senhor.


Evangelho (Marcos 1,12-15)


Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo, palavra de Deus.
O homem não vive somente de pão, mas de toda a palavra da boca de Deus (Mt 4,4)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
12 E logo o Espírito impeliu Jesus para o deserto.
13 Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio e esteve em companhia dos animais selvagens. E os anjos o serviam.
14 Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia:
15 "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho."
Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

Em Marcos, esta narrativa da tentação parece ser o prenúncio simbólico o ministério de Jesus, prestes a se iniciar: a agressão sucessiva dos líderes religiosos que se colocam como seus adversários é a provação de satanás e o convívio com as feras; e o conforto da fraternidade dos discípulos, iniciados no seu aprendizado, é o serviço dos anjos. Mateus e Lucas apresentam a tentação por satanás em três etapas. Transformar pedras em pães, adorar o tentador e apossarse do mundo, e atirar-se do alto do Templo desafiando a Deus. São as características de um messias que tem soluções enganosas para as aspirações populares, que se apossa do poder e que ostenta uma condição divina. Tal messianismo é descartado por Jesus. O Espírito recebido no batismo conduz Jesus, o qual vence as tentações. As tentações foram associadas à narrativa do batismo de Jesus como pedagogia catequética: os neobatizados devem estar preparados e fortalecidos para enfrentar as tentações após terem recebido seu batismo. As duas primeiras leituras de hoje são alusivas ao batismo: "Nesta arca [de Noé], umas poucas pessoas... foram salvas, por meio da água. À água corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação". Pode-se ver que, em sua leitura alegórica do dilúvio, o autor da Primeira Carta de Pedro se ateve ao segundo momento do dilúvio, quando Noé e os seus sobrevivem, após a destruição total pelas águas. O tempo litúrgico da quaresma, que se inicia hoje, tem uma característica de tempo forte de conversão. Resistir às tentações que se apresentam agradáveis aos sentidos, ao conforto, à segurança, à vaidade, estimulando o sucesso pessoal no usufruto do poder, levando à indiferença pelo próximo humilde e sofredor. É tempo de voltar-se amorosamente para o nosso próximo, particularmente aquele excluído e empobrecido, na partilha e na comunhão de vida.

(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE, e disponibilizado neste Portal a cada mês)


Sobre as oferendas

Fazei, ó Deus, que o nosso coração corresponda a estas oferendas com as quais iniciamos nossa caminhada para a Páscoa. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio próprio

A Tentação do Senhor
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Jejuando quarenta dias no deserto, Jesus consagrou a observância quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a páscoa definitiva. Enquanto esperamos a plenitude eterna, com os anjos e todos os santos, nós vos aclamamos, cantando (dizendo) a uma só vos...


Antífona da comunhão: Não só de pão vive o homem, as de toda palavra que sai da boca de Deus (Mt 4,4).

Depois da comunhão

Ó Deus, que nos alimentastes com este pão que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar Cristo, pão vivo e verdadeiro, e viver de toda palavra que sai de vossa boca. Por Cristo, nosso Senhor.

Oração

Redescobrir a oração: exercício para alcançar qualidade de vida

A oração é um exercício fundamental na busca pela qualidade de vida. Nas indicações que não podem faltar, especialmente para a vida cristã, estão a prática e o cultivo disciplinado da oração. É um exercício que tem força incomparável em relação às diversas abordagens de autoajuda, como livros e DVDs, muito comuns na atualidade.

A crise existencial contemporânea, em particular na cultura ocidental, precisa redescobrir o caminho da oração para uma vida de qualidade. Equivocado é o entendimento que pensa a oração como prática exclusiva de devotos. A oração guarda uma dimensão essencial da vida cristã. Cultivar essa prática é um segredo fundamental para reconquistar a inteireza da própria vida e fecundar o sentido que a sustenta.

É muito oportuno incluir entre as diversificadas opiniões, junto aos variados assuntos discutidos cotidianamente, o que significa e o que se pode alcançar pelo caminho da oração. Perdê-la como força e não adotá-la como prática diária é abrir mão de uma alavanca com força para mover mundos. A fé cristã, por meio da teologia, tem por tradição abordar a importância da oração ao analisar a sua estrutura fundamental, seus elementos constitutivos, suas formas e os modos de sua experiência. Trata-se de uma importante ciência e de uma prática rica para fecundar a fé.

Assista: Catequese do Papa Bento XVI sobre a oração.

A oração tem propriedades para qualificar a vida pessoal, familiar, social e comunitária. Muitos podem desconhecer, mas ela [oração] pode ser um laço irrenunciável com o compromisso ético. É prática dos devotos, mas também um estímulo à cidadania. Ao contrário de ser fuga das dificuldades, é clarividência e sabedoria, tão necessários no enfrentamento dos problemas. Na verdade, a prece faz brotar uma fonte interior de decisões, baseadas em valores com força qualitativa.

A oração, como prática e como inquestionável demanda, no entanto, passa por uma crise por razões socioculturais. Aliás, uma crise numa cultura ocidental que nunca foi radicalmente orante. O secularismo e a mentalidade racionalista se confrontam com aspectos importantes da vida oracional, como a intercessão e a contemplação. Diante desse cenário, é importante sublinhar: paga-se um preço muito alto quando se configura o caminho existencial distante da dimensão transcendente. O distanciamento, o desconhecimento e a tendência de banir o divino como referencial produzem vazios que atingem frontalmente a existência.



É longo o caminho para acertar a compreensão e fazer com que todos percebam o horizonte rico e indispensável da oração. Faz falta a clareza de que existem situações e problemas que a política, a ciência e a técnica não podem oferecer soluções, como o sentido da vida e a experiência de uma felicidade duradoura. A oração é caminho singular. É, pois, indispensável aprender a orar e cultivar a disciplina diária da oração. Trata-se de um caminhar em direção às raízes e ao essencial. Nesse caminho está um remédio indispensável para o mundo atual, que proporciona mais fraternidade e experiências de solidariedade.

A lógica dominante da sociedade contemporânea está na contramão dessa busca. Os mecanismos que regem o consumismo e a autossuficiência humana provocam mortes. Sozinho, o progresso tecnológico, tão necessário e admirável, produz ambiguidades fatais e inúmeras contradições. Orar desperta uma consciência própria de autenticidade. Impulsiona à experiência humilde do próprio limite e inspira a conversão. É recomendação cristã determinante dos rumos da vida e de sua qualidade. A Igreja Católica tem verdadeiros tesouros, na forma de tratados, de estudos, de reflexões, e de indicações para o cultivo da oração, que remetem à origem do Cristianismo, quando os próprios discípulos pediram a Jesus: “Ensina-nos a orar”. É uma tarefa missionária essencial na fé, uma aprendizagem necessária, um cultivo para novas respostas na qualificação pessoal e do tecido cultural sustentador da vida em sociedade.



Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

Jejum? OU Regime?

Qual a diferença? Durante a Quaresma a Igreja nos propõe um momento de reflexão. É o tempo para oferecermos algo que nos é importante como um sacrifício para que nos tornemos melhores cristãos. O que decidirmos oferecer deverá fazer com que, após esse tempo, tenhamos nos tornado melhores.

Muitas pessoas, durante esse período, decidem não comer chocolate durante 40 dias como uma forma de “penitência” e no Domingo de Páscoa quase morrem de indigestão de tantos ovos de chocolate que consomem. Muitos dizem aproveitar essa época para fazer um “regime”, pois somente assim conseguem ficar longe dessa tentação [chocolate].

Mas vamos refletir melhor sobre qual o sentido da penitência quaresmal: fazer com que, depois desse período de abstinência, tenha ocorrido alguma mudança no seu interior. De que adianta ficar 40 dias sem comer um alimento se depois ele for consumido em dobro? O que mudou em você? Apenas a contagem regressiva para chegar ao Domingo de Páscoa e poder comer os famosos ovos de Páscoa, certo? Que tal mudarmos o foco da penitência e fazer com que uma mudança de comportamento alimentar, durante a Quaresma, traga não apenas benefícios para nossa saúde física como também para a psíquica e espiritual?

Todos sabem que durante esse tempo, às sextas-feiras, devemos comer peixe, mas você já pensou em aumentar o consumo desse tipo de proteína como uma forma de penitência? Que tal colocá-lo no cardápio da família pelo menos 3 vezes durante a semana? Incrível como nos esquecemos de comer esse tipo de carne. Todas as vezes em que pergunto aos meus pacientes se eles comem carne de peixe eles respondem que até gostam, mas não têm o hábito de consumir esse alimento mais vezes na semana. Pois aqui está uma ótima oportunidade para uma mudança de comportamento alimentar e você vai notar que, após o tempo quaresmal, sentirá falta dessa importante fonte de proteína e a incluirá mais vezes no cardápio de sua casa.

Dra. Gisela Savioli
Nutricionista clínica, escritora

A fé perseguida

"nenhuma fé religiosa foi tão perseguida quanto o cristianismo”


Em recente intervenção durante inauguração da 5ª Jornadas Católicas e Vida pública, em Sevilha, na Espanha, o arcebispo local, Dom Juan José Asenjo, comentou a respeito dos milhões de cristãos que padecem em todo o mundo em razão da intolerância religiosa.


Sevilha, 25 fev (SIR/Gaudium Press) - Segundo o prelado, a cada cinco minutos um cristão é assassinado no mundo por causa de sua fé e a cada ano, 105 mil são condenados ao martírio.

Trata-se de "um verdadeiro holocausto de que ninguém fala", declarou. Dom Juan José Asenjo destacou que a situação dos cristãos tem piorado no mundo inteiro, mas especialmente nas regiões onde o fundamentalismo islâmico tem ganhado força. A respeito da Europa e, particularmente, da Espanha, Dom Asenjo declarou que não há situações de intolerância religiosa como em outros países. Contudo, segundo ele, há limitações desta ordem bem mais subliminares. Como exempl o, o bispo citou o caso da retirada de símbolos religiosos em escolas, hospitais, e lugares públicos.

Tal fato é "uma contradição em uma sociedade que quer ser mais aberta, plural e tolerante, mas a tolerância não se constrói sobre a prévia aniquilação dos símbolos da fé, mas sobre sua respeitosa aceitação como expressão das crenças e da fé religiosa que deu vida e sentido à historia de nossas comunidades e nosso povo".

Como exemplo da intolerância religiosa na Espanha, Dom Asenjo também se referiu à "violação da liberdade religiosa" presente na lei da Educação para a Cidadania, ou a recente decisão do Governo basco de proibir a emissão de uns spots publicitários na televisão autônoma, nos quais se anima os pais a inscrever seus filhos nas aulas de ensino religioso. Para o arcebispo de Sevilha estas iniciativas têm raízes históricas que se concentram no "ódio ao cristianismo e a Igreja, mais além do que pretextos possíveis e mais ou menos inverossímeis que os historiadores acrescentaram para justificar estas condutas".

Por fim, fazendo sua defesa final, Dom Asenjo afirmou que fora o cristianismo nenhuma outra forma religiosa foi tão perseguida "com o acinte e o rancor com que tem sido perseguido o cristianismo ao longo de 20 séculos em todas as latitudes geográficas". As 5º Jornadas Católicas e Vida pública foram realizadas entre 17 e 19 de fevereiro com tema geral "Liberdade religiosa e vida pública".

O papa pede que nós padres, deixemos o carreirismo

''Chega de carreirismo'


"É a falta de humildade que destrói a unidade" da Igreja. "A soberba é a raiz de todos os pecados". As afirmações são de Bento XVI, bispo de Roma falando de improviso aos párocos da sua diocese.

Vaticano - Mais de 300 o ouviram nessa quinta-feira, 23 de fevereiro, na Aula Nervi, no tradicional encontro do início da Quaresma com os padres romanos.

Neste ano, em vez da troca de perguntas e respostas, o papa preferiu realizar uma lectio divina. Por uma hora, falando de improviso, ele lhes explicou as insídias das quais é preciso se resguardar. Assim como aos futuros 22 cardeais durante o último Consistório, ele indicou as lógicas mundanas, a busca do poder e do sucesso.

Só a humildade, conjugada com o realismo, proferiu o pontífice, que "nos torna verdadeiramente livres". Diante dos "corvos", do vazamento de documentos reservados dos Sagrados Palácios, evidente extensão pública de um confronto interno à Cúria Romana, o papa convida a olhar para a fé, para serviço e para amor à Igreja e aos irmãos.

Nessa quinta-feira, ele denunciou o carreirismo presente na Igreja. Convidou a fugir da "vaidade" que – afirmou, falando em primeira pessoa –, "no fim, é contra mim e não me faz feliz". "Devo saber aceitar – continuou – a minha pequena posição na Igreja". É essa humildade – acrescentou – que "leva a não querer aparecer, mas sim a fazer aquilo que Deus pensou para mim e que, para mim, faz parte do realismo cristão".

A humildade é central. "Os cristãos – observou – estão divididos porque falta a humildade". "A soberba – enfatizou – é arrogância. É a raiz de todos os pecados, a busca do poder, aparecer aos olhos dos outros, não se preocupar em agradar a si mesmo e a Deus. Ser cristão significa superar essa tentação".

Durante a audiência geral da quarta-feira e depois no rito das Cinzas celebrado à tarde na Basílica de Santa Sabina, o papa advertira contra a tentação do poder e do materialismo. Antes ainda, havia indicado o perigo representado pelo poder da mídia e das finanças. Na sua lectio, não faltou uma passagem crítica contra os "católicos adultos", contra uma "fé emancipada do magistério".

Mas, para Ratzinger, o resultado "é a dependência das ondas do mundo, da ditadura dos meios de comunicação, da opinião comum, ou seja, do modo que todos pensam e querem". É o neoconformismo. "Libertar-se dessa ditadura – disse – é libertar-se realmente".

O grande problema da Igreja, concluiu o Papa Bento XVI, é o da "falta de conhecimento da fé", do "analfabetismo religioso". Ele admitiu que, na Igreja, hoje, "nem tudo é fé e amor" e que "se destrói a esperança que torna visível o Rosto de Deus". Ele convidou os párocos romanos a viver a esperança. "Ela – assegurou – nos garante que os poderes não são diferentes, e, no fim, o líder não permanece, não permanece a sujeira do mal, do pecado. Permanece apenas a Luz".

Jornal L'Unità, 24-02-2012. IHU-Unisinos

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Entrevista excelente

A Igreja em cisma? Entrevista


Confira a entrevista com Matthew Fox. Teólogo progressista, foi forçado a sair da Ordem Dominicana em 1988, por determinação de Ratzinger, então presidente da Congregação para a Doutrina da Fé. Autor de mais de 23 livros, Fox continua ensinando a explorar as grandes questões espirituais de hoje.

"A Guerra do Papa" - Livro de Fox(Foto: )

Quando o cardeal Joseph Ratzinger foi eleito Papa Bento XVI em 2005, poucos católicos estavam conscientes do papel central que ele (Ratzinger) desempenhou durante décadas para reverter as reformas do Concílio Vaticano II – para restaurar a Igreja Católica ao seu status como uma monarquia autoritária e um sistema impermeável à mudança a partir de baixo. Poucos autores contaram essa história tão bem quanto Matthew Fox em seu novo livro The Pope´s War [A Guerra do Papa] (foto).

Você concorda com o teólogo suíço Hans Küng que afirma que os papas João Paulo II e Bento XVI, ao se oporem aos ensinamentos do Concílio Vaticano II, criaram um cisma na Igreja Católica?

Sim, absolutamente. Um concílio pode se impor sobre um papa. Um papa não pode se impor a um concílio. Essa é a boa teologia. O que está claro é que esses dois últimos papas romperam com todas as principais posições que o Concílio autorizou, inclusive o poder dos episcopados nacionais de escolherem seus próprios bispos, o papel dos leigos, o ecumenismo, a renovação da liturgia e o movimento rumo à justiça social. O Vaticano está em cisma. Os católicos fiéis aos princípios do Concílio não estão em cisma.

Você compara a hierarquia da Igreja de hoje e o Vaticano a um "edifício em chamas". Você exorta as pessoas a salvar apenas o essencial. O que seria?

O maior tesouro da Igreja são pessoas boas: Pe. Bede Griffiths, Dorothy Day, Mestre Eckhart, Julian de Norwich e assim por diante. Nós não precisamos viajar com as basílicas sobre as nossas costas. Precisamos apenas de mochilas. Os místicos e os profetas, a forma como viveram suas práticas e teologias, tudo isso realmente vale a pena manter. Precisamos preservar os ensinamentos sobre a sacramentalidade do universo, a tradição da sabedoria da qual Jesus vem. E, é claro, a tradição do feminino divino. Ela ainda está presente no catolicismo, porque ele é pré-moderno. A Igreja não jogou fora a deusa – mas adotou-a com o princípio mariano.

Você apresenta uma forte questão em The Pope´s War sobre a corrupção na Igreja.

Realmente, há um banquinho de três pernas na corrupção da Igreja: o primeiro é o abuso sexual e o acobertamento. O segundo é a corrupção financeira, e o terceiro é o "teológico-ideológico". Tudo isso está interligado. É ideológico, porque tudo tem a ver com dualismos como o secular versus os cristãos. É daí que vem a fixação no controle de natalidade, na homofobia e no celibato. Tudo tem a ver com o sexo. Isso também alimenta o fundamentalismo protestante. As duas ideologias estão intimamente ligadas.

Você não acredita que o Vaticano seja capaz de reforma?

Obviamente, ele não pode ser reformado. Eu olho para isso teologicamente. Eu acredito que o Espírito Santo está por trás do movimento para matar o Vaticano como o conhecemos – para matar a estrutura da Igreja Católica, para enterrá-la, para que possamos começar de novo. Trata-se de apertar o botão de restart [reinício]. Basta olhar para as seitas religiosas de direita favorecidas pelos dois últimos papas: Opus Dei, Comunhão e Libertação e os Legionários de Cristo. Não, o Vaticano não é reformável. É um clube masculino, um clube de valentões.

Que papel tem o sexismo na Igreja?

O sexismo está entrincheirado e institucionalizado na Igreja. Sabemos que a liderança feminina na Igreja primitiva estava por todo o lugar. Até São Paulo, que não é um homem iluminado, é explícito sobre o papel das mulheres na Igreja primitiva. E, é claro, o papel de Maria Madalena foi redescoberto. Ela pertence à ala da Igreja que assumiu a cura. Maria Madalena é a mãe da tradição sacramental da Igreja. No entanto, ela foi descrita como uma prostituta.

Como o Vaticano se relaciona com a política dos EUA?

Bem, eu acredito que a reeleição de George W. Bush em 2004 se deveu, em grande parte, às pressões do cardeal Ratzinger e do Papa João Paulo II. Em junho, Bush foi ao Vaticano e disse: "Ei, eu sou contra os gays e contra o aborto, e mereço mais do apoio dos bispos católicos norte-americanos". Uma semana depois, Ratzinger instruiu os bispos de que nenhum político católico (nomeadamente Kerry) que não fosse explicitamente contra o aborto e os gays deveria ser apoiado. Um estudo posterior mostrou que isso influenciou fortemente o voto pró-Bush em Ohio, Iowa e Novo México. No entanto, ninguém denunciou essa intervenção de uma potência estrangeira. É chocante. Mais uma vez, trata-se de negação.

Você disse em que, nos níveis mais altos, o nosso governo passou a estar sob a influência do Opus Dei, uma seita católica de extrema-direita que exige a obediência absoluta de seus membros.

Sim, é amplamente sabido que os juízes da Suprema Corte Antonin Scalia, Samuel Alito e Clarence Thomas pertencem ao Opus Dei – e que o juiz Thomas Roberts também pode ser um membro. Outro membro do Opus Dei, o ex-diretor da CIA William Casey, deu milhões de dólares ao Vaticano e aos ultraconservadores Legionários de Cristo. Além disso, Daniel Ellsberg recentemente me contou que alguns dos comandantes superiores das nossas Forças Armadas também são do Opus Dei. E o que podemos dizer de uma safra completamente nova de políticos católicos de direita como Newt Gingrich e Rick Santorum?

É verdade que o Vaticano geralmente confia em fontes questionáveis ao emitir uma condenação contra teólogos e pensadores católicos?

Ah, sim. No meu caso, a Congregação da Doutrina da Fé ignorou as conclusões de três teólogos dominicanos que examinaram o meu trabalho e não encontraram nada de errado com ele. Eles deram mais crédito a fofocas de fontes não confiáveis. Eles ouviram a todos esses excêntricos de extrema direita que enviam e-mails e faxes. Eles nunca examinaram as suas credenciais, e a maioria deles não tem credenciais.

Estes dois últimos papas minaram a possibilidade de escolher lideranças progressistas para a Igreja no futuro?

Sim, minaram. É como arranjar tendenciosamente a Suprema Corte. Mas lembre-se, eles estão em cisma. E não se esqueça que todos esses cardeais, arcebispos e padres também estão em cisma. Isso significa que qualquer católico que esteja tentando viver os princípios do Vaticano II e do Evangelho não está em cisma.

Por que mais católicos não se queixam sobre isso?

Bem, é isso que a mídia, o que a televisão faz. Ela entorpece as pessoas. Mas também tem a ver com a negação. Na nova edição de bolso do meu livro, eu cito o Mestre Eckhart, que disse: "Deus é a negação da negação". Para mim, essa é uma frase muito poderosa. Enquanto não pudermos superar a negação, o Espírito não pode fluir novamente. Os católicos precisam quase se esconder atrás dos bancos, atrás das ordens religiosas.

Você acha que os grupos católicos de reforma como o Call to Action, Future Church e outros estão crescendo, ou as pessoas estão simplesmente abandonando a Igreja?

Recentemente, eu participei de uma convenção nacional em Detroit [The American Catholic Council]. Foi triste ver que não havia lá praticamente ninguém com menos de 50 anos. Jovens com bebês recém-nascidos vieram me perguntar como eles deveriam educar seus filhos, já que não querem ter mais nada a ver com a Igreja Católica. O futuro da Igreja está com os jovens, e os jovens não estão aparecendo na Igreja, talvez com a exceção dos hispânicos.

Qual a sua opinião sobre os ordinariatos vaticanos recém-criados para aceitar clérigos anglicanos casados como padres católicos válidos?

Eles acolhem esses padres episcopais contanto que eles possam provar que são homofóbicos e sexistas. Não se esqueça que o papa também acolheu de volta um bispo cismático que provou ser um fascista e um negador do Holocausto. Isso realmente não tem fim. Nada disso tem a ver com Jesus.

Um dos principais objetivos do Papa Bento XVI era restaurar a Cristandade, ou a influência da Igreja na Europa ocidental. A crise dos abusos sexuais em todo o mundo inviabilizou esse projeto?

Com certeza. Mesmo na Polônia. Uma pesquisa realizada lá mostrou que apenas 3% da população da Polônia confia na hierarquia da Igreja Católica Romana. O ex-secretário papal, o cardeal Stanislaw Dziwisz, primaz de Varsóvia, está sendo acusado agora por ter se intrometido nos assuntos do governo polonês.

Por que as Igrejas tradicionais perdem tantos membros, enquanto as megaigrejas continuam crescendo?

Bem, esse é um sinal de que a coisa toda precisa ser sacudida. O problema católico é a corrupção no topo, e o problema protestante é a apatia. Isso permite que os fundamentalistas se apossem do nome de Jesus. Muitas pessoas estão pegando no sono nos bancos. Ao contrário, elas precisam dançar. Usamos vídeos, danças e diferentes formas de expressão em nossas "Missas Cósmicas".

Como o paroquiano médio se relaciona com essas missas, com telas de vídeo, danças e sessões de rap? Isso não vai de um extremo ao outro?

Trazer o rave, o rap e novas formas de linguagem para a celebração é muito eficaz. É uma forma de tornar a celebração relevante para os jovens e também para despertar os mais velhos para pensar e meditar. Isso realmente funciona. A Eucaristia é bonita, mas precisa ser posta em um novo cenário. Você não precisa que as orações sejam lidas para você – elas precisam vir do seu coração. E é isso que acontece quando você dança. Isso também é pré-moderno – remonta ao culto indígena que envolve o corpo. Sou favorável a uma grande variedade de celebrações – mas a Missa Cósmica é algo que atravessa todas as linhas de idades e culturas.

Em maio próximo, você estará pregando um retiro em Boston chamado "Ocupar o Cristianismo".

Sim. É sobre como apertar o botão de restart no cristianismo. Estaremos discutindo a dimensão espiritual e estratégica para renovar o cristianismo, tanto com católicos, quanto com protestantes. As Igrejas protestantes precisam de um reinício também, por razões diferentes. Ambas as tradições precisam voltar aos ensinamentos espirituais básicos de Jesus para a renovação.

Catholica, 10-02-2012. Tradução IHU-Unisinos.