quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Eu.... Um ser em construção.




Há muito tempo venho construindo um pouco de mim. Desde os escritos e pensamentos, que tento divulgar no dia a dia através das coisas que falo e faço. O que sei é que a vida deveria ser de trás para frente, como dizia Charlie Chaplin: "a coisa mais injusta sobre a vida, é a maneira como ela termina”.
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás para frente. Por isso concordo com Chaplin. Nós deveríamos morrer primeiro. Daí, viver em um asilo espiritual, até ser “chutado” para fora de lá por motivos novos. Quem sabe ganhar um jeito diferente de ser, ganhar um relógio de ouro ou uma viagem inesquecível. Quem sabe voltar depois e continuar a trabalhar. Então trabalharia novamente até os 45 anos, para aproveitar os 20 anos da aposentadoria. Talvez voltasse para o colégio, teria namoradas (os), virava criança novamente, não teria nenhuma responsabilidade pesada, se tornaria um bebezinho de colo, voltava para o útero de sua mãe, passava seus últimos meses de vida flutuando... E terminava tudo com ótimo “orgasmo" - um gozo existencial. Ah! Como amo Chaplin. Por trás daquele “bobo” alegre, viveu um alegre homem. (Assista o filme ... Benjamim Buton – Brad Pit).
Ao contrário da visão humorada de Chaplin, confesso já ter desejado seriamente que a minha vida fosse um mar de rosas. Um mar de marcas de deleites e prazeres. Mas como isso é impossível, depois de muitas decepções e desilusões, aceitei que a vida é fundamentalmente marcada por incertezas. Não dá para controlar os acontecimentos e nem as pessoas. Afinal, como a rosa é feita de pétalas e espinhos, a vida na sua totalidade é permeada de dores e alegrias.
Vivendo na ilusão de que teria controle sobre as coisas, em um tempo de minha vida cobrei demais pelos erros que cometi. Minha mania perfeccionismo, mais que ser aceito pelos outros, desejei ser um deus. Que grande equívoco foi acreditar que meu destino estaria escrito nas estrelas.
Pensando assim, por várias vezes me vi resignado diante de situações em que eu deveria ter tomado uma atitude. Hoje, olhar para o céu estrelado me amplia a sensação de liberdade, me torna mais humano. Não quero ser apatia. Tendo o meu coração como a minha estrela-guia. O que quero é encontrar forças para continuar, mesmo caminhando em terreno difícil. Viver o que acredito. Viver o amor na sua totalidade. Caminhar, caminhar mesmo em estrada de dura caminhada e pedras.
Sei que a cada instante vai-se um pouco de mim. O tempo é impiedoso, não pára. É como uma onda que arrasta para o mar tudo o que encontra na praia. Por isso, não me importa o que ficou para trás. Prefiro olhar a vida como um eterno amanhecer. Desta maneira, a mais dolorosa experiência, os piores pesadelos ou a angustiante solidão das minhas madrugadas, tornar-se-ão mais brandos. Enquanto o sol brilhar, haverá em mim esperança. Estou unido ao dito popular. Contento-me com tão pouco. Porque creio que posso mais. Claro com Deus sempre podemos mais.
Hoje, sinto que somente esta vida não me basta, a minha sede é insaciável. O pouco não me atrai. Interessa-me a abundância, muita vivência, principalmente aquela intensa a do amor, da criatividade, da alegria. Isso me torna, muitas vezes, um adolescente: inquieto e impulsivo. Antes assim, que envelhecer o espírito ou terminar numa velhice frustrada.
Quantas vezes o mundo pareceu desabar sobre a minha cabeça. Vi-me em desespero e em sofrimento inútil. Com um olhar maduro, vejo que os maus momentos não passaram de grandes tempestades. Não somente sobrevivi a todos eles, como aprendi a confiar na minha capacidade de superação e de condução na vida. Aprendi também que, mesmo diante do risco de um naufrágio, o importante é jamais tirar as mãos do leme.
Erros e acertos, alegrias e tristezas, conquistas e decepções, não passam de pulsações, como a do coração que faz irrigar o sangue por todo o nosso corpo. Portanto, vejo o quanto é preciso aprender a relaxar e seguir o fluxo dos acontecimentos. Principalmente quando nada se pode fazer. Como é fundamental saber seguir o sábio conselho, de “dar tempo ao tempo”!
Se existe algo que nos rouba a energia, é a ansiedade exagerada. Além do sofrimento antecipado, anulamos a possibilidade de construir algo útil para a nossa satisfação. O temor do que pode acontecer não pode ser mais forte, que a coragem de fazer o que tem de ser feito. Viver tenso, somente nos momentos que sentimos o perigo real, como o tigre que prepara o seu ataque frente a uma ameaça, mas que se delicia com uma soneca nas horas ociosas.
Algo que muito fiz foi esperar. Como perdi momentos preciosos, assim como ganhei experiência infinitas. Acreditava que o mundo me daria tudo sem ter que correr atrás. Na verdade, eram os medos que me paralisavam. Medo de me frustrar, de ser rejeitado, de fracassar. E hoje, até que me agrada estar diante de uma situação que me atemoriza. Seria masoquismo? Loucura? Não! Prefiro acreditar que sou como um sujeito perdido no deserto, á procura pela água desesperadamente. Sendo que a minha sede é de saber! De ser! De viver! ... Pois, quantas vezes, sem saber quem eu era, sem confiança e motivação, preferi me afundar na zona do meu conforto.
Darei conta realmente de ser quem sou e do que sou capaz, através dos riscos que correrei para expandir o meu espaço vital? Não sei! O que posso dizer ou pensar é que quando sinto frio na barriga e a impressão do coração sair pela boca, é que sei que estou diante de um desafio, que vale a pena enfrentar, mesmo com todo o medo que possa sentir.
Descobri que, sendo inteiro no que sinto e penso, aceitando o ontem como uma preparação, o futuro como uma eventual possibilidade, o hoje como o único momento que existe de concreto, poderei realmente encontrar a felicidade e viver com mais sentido a cada dia que passa na minha vida. Para isso, sei que devo cuidar de meu corpo e de minha alma (mente), como se fosse algo de mais precioso no universo. Sendo fundamental para isso, que eu procure por momentos que me dêem satisfação, prazer, harmonia, equilíbrio, e faça as pessoas que convivam comigo felizes, isso seja no trabalho, no lazer ou até mesmo não fazendo nada, mas que os hábitos sejam saudáveis.
Eu adoro comprar sabonetes dos mais variados perfumes, para sentir mais prazer no banho. Hoje mesmo, deu vontade de comprar uma deliciosa colônia. Curto exercitar o corpo e me satisfazer com o suor que levam os meus pensamentos improdutivos, as minhas toxinas e o excesso de gordura embora. Mas a minha baixa auto-estima está afetada. Não estou conseguindo fazer isso. Parece que to deprimido. Ouvi dizer que um pouco de narcisismo faz bem. Será que sou narcisista? Só porque descuidei um pouco da minha aparência, com o cuidado com o meu próprio corpo, significa que não estou nem aí comigo mesmo, que simplesmente me abandonei. É infelizmente se nos abandonamos correremos o risco de ser abandonado pelos outros. Aí a dor será dobrada. O que sei é que sou uma obra em acabamento. Que quer ser feliz e acabada. Portanto, espero minha hora e meu tempo.